sábado, 14 de abril de 2018

Modesto culpa pai de Neymar por saída de Lucas Lima e revela decepção com Zeca



Modesto Roma Júnior já deixou a presidência do Santos há pouco mais de cem dias, mas o tempo longe da Vila Belmiro ainda não foi suficiente para apagar duas mágoas no dirigente: com o pai de Neymar e com o lateral-esquerdo Zeca. Em entrevista exclusiva ao Blog, concedida por telefone, Modesto reconheceu que Zeca foi quem mais o decepcionou nos três anos de presidência, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2017. Já seu Neymar foi o grande responsável por impedir a renovação de Lucas Lima, de acordo com Modesto. No bate-papo de quase 1h30, o dirigente deu nota 7 para sua gestão, apontou cinco meninos que têm potencial para deixar o Peixe milionário, assegurou que nunca mais será presidente e cornetou algumas das decisões de seu sucessor, José Carlos Peres.

BLOG: Como foram os primeiros cem dias longe da presidência do Santos?
MODESTO ROMA JÚNIOR: Foram de descanso dos três anos de muito desgaste. Sem sombra de dúvida, foram os três anos mais pesados da minha vida.

Por causa da política?
Não apenas por causa da política, não. Mas de tudo. Dos problemas do time, das finanças, das responsabilidades… Quando eu assumi, não havia dinheiro para nada e vários jogadores estavam saindo, via Justiça. Por tudo isso, eu não volto a ser presidente do Santos nunca mais. De jeito nenhum.

Qual sua avaliação sobre seu sucessor, José Carlos Peres?
Não sou eu que tenho que avaliar a administração dele, mas a história. Aprendi que o Santos é maior do que as pessoas e qualquer manifestação hoje só prejudica o clube. Então, prefiro me calar.

Suas contas de 2017 foram reprovadas dias atrás pelo Conselho Deliberativo. Como recebeu a decisão?
Foi um grande absurdo. Ficou muito claro que foi uma decisão política. Se houvesse alguma razão palpável para a reprovação, tudo bem. Mas não há nenhum ponto negativo no relatório do Conselho Fiscal. Nenhum.

A política no Santos é muito nociva?
Você sabia que os últimos seis presidentes do Santos, nos últimos 30 anos, tiveram suas contas reprovadas assim que deixaram o clube, dando lugar a grupo político? Aconteceu comigo, dom Odílio Rodrigues, Luís Álvaro, Marcelo Teixeira, Samir Abdul-Hak e Miguel Kodja Neto. O julgamento não é técnico e isso tem que mudar. O Santos precisa de um Conselho Fiscal absolutamente independente.

Por que não tem mais assistido aos jogos do Santos na Vila Belmiro?
Tenho preferido ver de casa.

E o time te agrada?
Tem conseguido boas vitórias. Gostei do jogo da volta contra o Palmeiras (vitória no tempo normal e derrota nos pênaltis, na semifinal do Paulistão) e contra os argentinos do Estudiantes (na Argentina, na 3ª rodada da fase de grupos da Libertadores).

Depois de Pelé, Robinho e Neymar, o Rodrygo pode se tornar o “quarto raio” a cair na Vila Belmiro?
Ele é muito diferente. Fora de série. Mas o Santos tem, além dele, outros quatro meninos que vão dar o que falar. Gosto demais dos meias Lucas Lourenço e Victor Yan, do atacante Yuri Alberto e do volante Sandro Perpétuo. Vão dar um ganho esportivo enorme e garantirão muitos milhões de reais ao clube.

Arrepende-se de alguma coisa enquanto presidente?
Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito algumas coisas diferentes, sim. Mas as decisões têm de ser tomadas na hora. Talvez, eu não tivesse falado algumas coisas.

Como quando atacou a TV Globo?
Não por isso. A Globo pagava R$ 60 milhões ao Santos em TV fechada. Aí, apareceu o Esporte Interativo e ofereceu R$ 400 e tantos milhões pelo direito de transmissão do Brasileirão (de 2019 a 2024). Você ficaria com a Globo ou trocaria? Porque eu não tive a menor dúvida.

E o que dá mais orgulho nos três anos de presidência?
Foram muitas coisas: o bicampeonato paulista, a volta do Santos à Libertadores, disputar títulos todos os anos, retornar com o time feminino, ter conseguido honrar compromissos…

Então, que nota daria para sua gestão?
Não sou jurado do Sílvio Santos, mas daria nota 7. Pouca gente deu importância, mas o acordo com a Doyen foi sensacional. A dívida era muito pesada. Só pelo empréstimo de dinheiro, para a compra do Leandro Damião, havia uma ação da Doyen cobrando R$ 80 milhões. No fim das contas, fechamos um acordo na Justiça de 23 milhões de euros, incluindo todas as outras pendências. Por Jorge Nicola

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