sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Oposição do Santos pede que Ministério Público investigue eleição no clube


Candidatos suspeitam de lista de sócios, mas promotoria só deve analisar requerimento após o pleito

Os três candidatos de oposição do Santos - José Carlos Peres, Nabil Khaznadar e Andres Rueda - solicitaram ao Ministério Público a instauração de um inquérito para apurar uma suspeita de fraude na eleição para presidente do clube, marcada para este sábado.

O requerimento se baseia em reportagens da "ESPN" que apontam que mais de duas mil pessoas se associaram ao Santos nos 17 dias finais do prazo para participação da eleição, que terminou em 9 de dezembro de 2016. O número representa cerca de um terço de todas as associações daquele ano, e é maior do que a soma de novos associados de julho, agosto, setembro e outubro de 2016.

O pedido foi protocolado nesta quinta-feira no núcleo de Santos do Gaeco, grupo do Ministério Público especializado na investigação do crime organizado.

Um membro do Gaeco confirmou à reportagem o recebimento do documento, mas disse que o grupo não será o responsável por analisá-lo, já que o caso não se enquadra nas atribuições do núcleo. Os candidatos responsáveis pela denúncia teriam sido alertados disso, mas insistiram no protocolo.

O requerimento será enviado à Promotoria Criminal de Santos, que poderá instaurar o inquérito ou arquivá-lo. De qualquer forma, o mais provável é de que ele só seja analisado a partir de segunda-feira, dois dias após a eleição, já que esta sexta é feriado judicial.


Oposição se une por investigação no Santos (Foto: Lucas Musetti)

Em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, Rueda, Khaznadar e Peres admitiram não ter provas além do que foi publicado nas reportagens. O atual presidente, Modesto Roma Júnior, candidato à reeleição, negou irregularidades.

– Nós nos sentimos prejudicados e queremos o levantamento do Gaeco com as provas, não nossas, mas expostas pela imprensa. Pelo que sabemos, é crime organizado. Queremos que a polícia vá fundo atrás disso – disse Nabil Khaznadar.

– Como disse Andres e Nabil, não estamos acusando ninguém, estamos nos focando na denúncia da imprensa. O que fazemos aqui é tomar providência que torcida nos cobra. Não podemos ser passivos. Não temos provas concretas, mas as provas que a imprensa tem demonstrado são robustas e merecem atenção do Ministério Público – afirmou José Carlos Peres.


Oposição pede investigação antes de eleição no Santos (Foto: GloboEsporte.com)

O candidato Andres Rueda diz que o pedido de investigação formulado pela oposição não tem o objetivo de adiar ou suspender a eleição.

– Isso tudo tem que ser resolvido antes da eleição. Se for para a Justiça, deixará o clube sem governança. Nosso pedido é que as urnas sejam acompanhadas por autoridades, mesas, presidentes de mesa, fiscais... Com tudo isso que está acontecendo, seria de bom grado que tivesse uma autoridade presente. Nossa posição é muito clara. Não estamos acusando ninguém, só estamos exercendo direito que temos em razão das denúncias – explicou.

Antes do pedido de investigação, a oposição conseguiu mudar a ordem de votação, que será por ordem numérica, não mais alfabética. Na prática, os eleitores que se associaram por último – justamente sobre quem recaem as suspeitas – depositarão seus votos nas últimas urnas.

Algo parecido foi feito na eleição do Vasco, no mês passado, em que eleitores questionados pelas chapas de oposição votaram numa mesma urna, a sete – a polícia do Rio diz que há indícios de fraude.

Modesto Roma nega irregularidades (Foto: Ivan Storti/Santos FC)

Ao GloboEsporte.com, Modesto justificou o aumento de sócios:

– Com a classificação para a Libertadores, é normal um aumento de sócios. De maio a setembro, com o novo programa de sócios, tivemos aumento de sete mil. Não há nada errado, nenhuma grande novidade. No período de eleição, surgem muitas mentiras – disse.

A eleição do Santos está marcada para esse sábado, a partir das 10h, na Vila Belmiro e na Federação Paulista de Futebol.

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