terça-feira, 3 de março de 2015

Gestor é contra venda de atletas da base e prefere revelações a títulos

 Paulo Roberto Mayeda, que trabalhou na gerência das categorias de base do Peixe entre 2000 e 2002, está de volta com planos de mudança no departamento amador

Obter a maior parte dos direitos econômicos dos garotos da base e não vendê-los antes de chegar ao profissional. Esse é o objetivo do coordenador de futebol das categorias de base do Santos, Paulo Roberto Mayeda, que está de volta ao cargo depois de 13 anos.

Hoje em dia é comum que jogadores jovens tenham percentuais de seus direitos econômicos vendidos a empresários ou a fundos de investimento antes mesmo de estrearem no time de cima. De acordo com Mayeda, a determinação da FIFA, proibindo participações de terceiros nos direitos econômicos dos atletas, ajudará as agremiações.

A determinação só passa a valer a partir de maio, mas, segundo Mayeda, caso haja uma negociação envolvendo jogadores da base, o Santos ficará com, pelo menos, 60% dos direitos econômicos de qualquer atleta. Vale lembrar que, em uma negociação antes do fim de abril, o contrato do atleta pode ter, no máximo, um ano de duração.

- Não abro mão de 60%. Não compactuo com qualquer tipo de negociação em que o clube não seja majoritário. O Santos tem camisa, tem história, não pode ficar inferiorizado em qualquer negociação. Infelizmente, isso acontece no futebol. Isso está transformando alguns clubes em barrigas de aluguel – disse o dirigente.

Paulo Mayeda foi coordenador das categorias de base do Santos entre 2000 e 2002, ano em o Santos conquistou o Campeonato Brasileiro com garotos como Robinho, Diego, Alex, Elano, entre outros. Apesar da tradição de formar grandes jogadores, o Peixe não tinha muito sucesso em competições de base. Isso mudou recentemente. Entre 2013 e 2014, os Meninos da Vila conquistaram duas Taças São Paulo de futebol júnior e a Copa do Brasil sub-20, os principais torneios do Brasil para a categoria. 

Apesar dos títulos e da esperança de novas revelações, o Peixe não colheu os frutos das gerações campeãs na base. Pelo contrário, viu garotos como Victor Andrade, Giva e Neílton deixarem o clube sem render nada aos cofres santistas.

– A partir da geração que revelou Neymar, Paulo Henrique Ganso, Rafael Cabral e outros, a mentalidade foi um pouco alterada. Passou a ser: primeiro vencer na base, valorizar o garoto com reajustes, vender e, por último, vencer no profissional. Obviamente, o clube deixa de revelar. Quando você prepara jogadores para vencer no profissional, eles têm dificuldades de vencer na base – complementou Mayeda.

Na entrevista ao GloboEsporte.com, Paulo Mayeda conta como serão realizadas as avaliações de garotos nas categorias de base do Santos. Revela também detalhes dos projetos de um novo Centro de Treinamento para o departamento de futebol amador. 


GloboEsporte.com: qual foi o motivo da sua saída em 2002, e por que resolveu voltar?

Paulo Mayeda: Tive problemas sérios de saíde: possibilidade de três pontes de safena, algumas isquemias que aconteceram na sequência e que me deixaram bem debilitado. Em 2008, resolvi retornar para o campo, tive uma conversa com o Marcelo (Teixeira, ex-presidente) que, na época tentava uma reeleição, mas acabei indo para Vitória de Santo Antão, no Pernambuco. No ano passado, eu me aproximei do Santos. O presidente Modesto Roma me fez uma consulta para uma possível volta, e, após a vitória dele, resolvemos encarar esse retorno.

De 2013 para cá, a base do Santos foi campeã em muitos campeonatos, mas acabou perdendo jogadores sem receber nada por eles. Dá para ser campeão e revelar grandes jogadores ao mesmo tempo?

– Existem algumas metodologias que eu emprego. Normalmente, quando um jogador se destaca em uma categoria, empurro o garoto para a categoria de cima e vamos assim assim até o profissional. Hoje o momento é outro. Temos de rever como estão as parcerias dos jogadores, mas o segredo é: temos que preparar para vencer no profissional e não vencer apenas na base.

Como serão realizadas as avaliações de jogadores nas categorias de base do Santos?

– Nós já estancamos o vídeo. As avaliações serão feitas em forma de seletivas aqui em Santos. Estamos fazendo um estudo com as nossas franquias para fazer seletivas locais. A ideia que estamos definindo com as franquias é fazer seletivas abertas com um 1kg de alimento como inscrição. Posteriormente, nosso grupo de avaliadores formado por ex-jogadores irão ver essas seletivas espalhadas por todo Brasil. Os garotos aprovados, então, serão avaliados aqui em Santos passando um tempo com o time.

Como você vê a possibilidade do Santos criar um time sub-23?

Temos a subordinação do Dagoberto, que tem pensamentos iguais aos meus e essa integração vem em um momento interessante. A Federação implantou essa regra de ter 28 atletas (inscritos no Paulistão), e o clube perde a oportunidade de lançar alguns garotos da base, que é o intuito dos campeonatos estaduais.Se você não pode inscrevê-los, vai colocá-los aonde? Como que você vai fazer contratos com jogadores de 16 anos se não tem onde colocá-los? Por isso, o Santos B ou sub-23 é uma ideia bastante inteligente.

Globoesporte.com

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