sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Modesto Roma Júnior quer remodelar a Vila e conversar com Enderson

Candidato afirma que atual gestão já perdeu a chance de construir um novo estádio e pretende discutir planejamento de 2015 com os profissionais que já estão no clube

Quinto candidato à presidência do Santos entrevistado pelo GloboEsporte.com, Modesto Roma Júnior defendeu a reestruturação da Vila Belmiro para que o torcedor volte a frequentar o local. O Peixe tem uma das menores médias de público do Brasileirão e, em seu último jogo em casa (diante do Cruzeiro, no último domingo), levou apenas quatro mil santistas ao estádio.

- Não podemos viver de promessas eleitoreiras. O Santos vive um momento financeiro difícil e perdeu a oportunidade de construir uma arena na Copa do Mundo. O estádio-boutique é realmente uma solução para a Vila. Temos que estruturar o estádio para ele ser o palco de espetáculo, com a torcida dando espetáculo junto do time, enchendo os olhos do telespectador – disse.

- A questão é se o local é central, de fácil acesso. Acessibilidade é fundamental. Fazer da Vila um estádio para 50 mil pessoas é uma ilusão. E há entorno, estacionamento, acesso.. Hoje, nós temos de ter a Vila remodelada como um estádio pequeno, para 20, 22 mil pessoas, e pensar, no futuro, em um estádio maior quando voltar o bonde da história, que já perdemos após a Copa – completou.

O que não significa, porém, que o Santos vá se limitar a mandar jogos na Vila Belmiro. Ele lembrou que o Peixe tem torcedores espalhados pelo Brasil e afirmou que, em seu mandato, o time irá atuar onde estiver a torcida e for possível obter renda.

- A Vila Belmiro é o principal palco do Santos. É nossa casa original, casa mestra. A casa do Santos é a Vila Belmiro, mas também o Pacaembu, a Arena Pantanal, o Mané Garrincha. Onde estiver a nossa torcida, o Santos estará presente. O hino do Santos canta “Sou Alvinegro da Vila Belmiro”, e a marcha diz “Jogue onde jogar, sou o Leão do Mar”.

Modesto também disse que, antes de decidir o futuro da comissão técnica caso eleito, pretende conversar com Enderson Moreira e os demais profissionais que dirigem o futebol do clube.

- Temos valores interessantes no elenco, uma base que precisa ser olhada, e jogadores que compõem uma equipe de bom nível. Precisamos conversar com o treinador, qual a expectativa que ele tem e avaliar melhor cada atleta do elenco. É preciso ver quem está emprestado, quem está no sub-20... Tudo tem de ser feito com o gerente de futebol, com o treinador. E vamos fazer isso após ganharmos a eleição. Não podemos ser levianos – afirmou.

Supervisor administrativo do Santos na gestão do ex-presidente Marcelo Teixeira, Modesto Roma Júnior foi dirigente do Peixe de 2004 a 2009, tendo atuado também como responsável pelo futebol feminino do clube. Ele é filho de Modesto Roma, mandatário alvinegro de 1975 a 1978, e encabeça a chapa “Santos Gigante”. Ele foi sabatinado pelos repórteres Antonio Marcos e Bruno Giufrida, do GloboEsporte.com, e Ted Sartori, do jornal A Tribuna.

Confira os tópicos da entrevista de Modesto Roma Júnior

Santos fora da Vila

Não dá para, em uma semana, mudar o local de um jogo. O Santos precisa jogar em função de renda, de objetivos, mas isso é definido pelo marketing. É planejamento, não é para mudar em cima da hora. Quando sai a tabela, temos de planejar. Não podemos querer fazer as coisas de afogadilho. Temos de jogar onde dará mais renda. Se há algum evento naquela região, se é um momento especial. Tudo passa por um planejamento sério, e as coisas não podem ser feitas por acaso. E esse é o principal trabalho do marketing. Planejar o jogo, o dia, o evento. Não se faz um acontecimento sem pensar no entorno. O Santos precisa ganhar dinheiro com seus espetáculos. Isso é fruto de um estudo para fazer as coisas com seriedade.

Arena

O Santos não tem dinheiro para construir uma nova arena, precisaria de um investidor que arcasse com isso. Temos propostas sérias para que o Santos caminhe para um porto seguro. Tem quem diga “Ah, vou demolir a Vila e construir uma nova”. O Santos não tem dinheiro para isso. Temos que trabalhar com responsabilidade. O santista está cansado de propostas vazias.

Pouco público na Vila

Tem que ter identidade. A alma do time deve ser a da torcida, não a do treinador. A torcida não quer ver o Santos retrancado, preocupado em não tomar gols. O Santos é um time jovem, alegre, ofensivo, que marca gols... Quando se dá a identidade da torcida à equipe, ela volta ao estádio. Aí a Vila, o Pacaembu e até o Maracanã são pequenos.

Torcida organizada

Acho que deve sim (ter relacionamento). A torcida organizada é importante. Não podemos ter “clubefobia”. Acho que o futebol não tem graça se não tiver torcida. O futebol é uma coisa de relacionamento humano. A torcida arrepia qualquer um de nós. Mas ninguém está falando de brigas, de tocaias... Isso é algo absolutamente condenável. Isso não é torcida. Torcida é festa, alegria em campo, e deve ser respeitada.

Sócio-Rei

A questão é respeito ao sócio. Quando o Santos joga em qualquer lugar, o associado deve ser respeitado e ter o acesso facilitado. No passado, nós cuidávamos do sócio, foi um trabalho que fiz com o Marcelo Teixeira (ex-presidente). Passamos a dar mais espaço, 50% de desconto... O sócio que não tem cadeira e que tinha só um espaço ao lado das cativas ganhou o retão da Rua Dom Pedro (na Vila Belmiro). Isso é respeito ao sócio. Respeito ao sócio que vai ao Pacaembu, ao Morumbi, ou qualquer estádio. Temos de dar mais vantagens. Hoje o sócio não tem quase nenhum benefício. E que sejam vantagens reais.

Organizadas no quadro associativo

A organizada tem de ser respeitada como entidade, mas trabalharmos em conjunto para que esse torcedor seja respeitado como sócio. Mas eu não posso pedir que sejam sócios se eu não dou condições para isso. Tenho que dar uma atenção especial para que os membros das organizadas se filiem. Vamos implantar esse diálogo.

Categorias de base

Temos de subir os meninos com responsabilidade. Temos que nos reunir com os treinadores da base, trocar ideias, saber que o jogo vem antes do jogador. Isso tudo faz parte do planejamento sério, com pessoas que conhecem o futebol. É difícil fazer futebol com quem não conhece. É preciso conhecer o elenco, saber o que acontece. Essa equipe nós temos. Contratações e vendas pontuais provavelmente serão feitas, mas é preciso respeitar um planejamento sério, com uma pré-temporada bem feita. O Santos não tem dinheiro para jogar pela janela. Contratações não podem ser erradas. Não temos espaço para erros.

Ausência na Libertadores

Preocupa. Torci muito pela classificação para a Libertadores. Até perguntavam se estávamos torcendo contra, mas nunca! Primeiro porque nunca torceria contra o Santos. E segundo: seria importante ganhar a Copa do Brasil e disputar a Libertadores até mesmo em termos de receita. Preocupa, mas o Santos não tem a classificação. Então, temos que trabalhar com o que temos. Vamos trabalhar para chegar à Libertadores de 2016 e recuperar o tempo perdido.

Contratos perto do fim

Não temos lista de dispensa. Isso vai depender do treinador. Primeiro temos de conversar com ele, saber se ele vai ficar, pois não é uma decisão só nossa. Conversar com o resto da comissão técnica, com o gerente de futebol, o superintendente... O Santos tem hoje uma diretoria que está trabalhando. Não caberia a nós ou a nenhum candidato atropelar esse processo. Espero que no dia 6 o doutor Odílio dê o espaço para essa transição, para que se crie um gabinete de transição. Tenho certeza de que fará porque é um verdadeiro alvinegro.

Aproveitar jovens

A ideia é trabalhar com jovens e com o time que está ai. Promovermos a base. O jovem sempre foi campeão pelo Santos. Foi assim em todas as gerações. Antonio Fernandes, Del Vecchio, Pelé, Pita, Juary, Cesar Sampaio, Giovanni, Robinho, Diego, Neymar, Gabriel... Temos que respeitar essa história. O Santos tem tradição. Mas precisar preparar, fazer plano de carreira para os treinadores da base, fazer todos evoluírem, e aí sim poderemos promovê-los sem correr o risco de termos que dispensá-los em seguida.

Comitê de Gestão

No Santos, após a eleição do presidente Luis Alvaro, os homens que iriam investir no clube não confiavam na presidência. Criaram o “Grupo Guia” para tomar conta do dinheiro que estariam investindo. Diziam que viria um investimento de R$ 40 milhões... Se esse investimento veio, foi de forma transversa. Criaram o grupo para controlar os atos do presidente, e o Comitê de Gestão para manter esse controle. Foi assim que aconteceu. Instrumento de governança é o Conselho de Administração. Hoje, o regime que se diz profissional tem uma gestão com nove amadores. O acabar com o Comitê de Gestão passa por alguns passos. Temos enviar proposta ao Conselho Deliberativo, alterar o estatuto com uma proposta que saia do Conselho... Não depende só do presidente, mas do quadro associativo. E partir para uma administração profissional.

Como formar esse Conselho de Administração

Serão pessoas com capacidade profissional comprovada, com vida pessoal própria, dando ao clube uma parcela do tempo. E profissionais com dedicação exclusiva, como um CEO, com as superintendências administrativas e de futebol e descendo no organograma. Isso é governança corporativa. Mas precisa ter experiência para fazer isso. Caso contrário, cria-se um monstro de sete cabeças.

Patrocínio master

O Santos está negociando o patrocínio master com a empresa chinesa que já está estampando a camisa. Não podemos atropelar o trabalho. Somos candidatos, temos de ter a seriedade no trato das coisas. Não podemos ser levianos.

Globoesporte.com

Nenhum comentário: